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Arquitetos: Carolina Castroviejo, Diana Radomysler, Studio mk27 / Marcio Kogan
- Área: 1000 m²
- Ano: 2011
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Fotografias:Nelson Kon
Descrição enviada pela equipe de projeto. A luz do sol abundante dos trópicos incide no volume branco do último piso da casa, penetra nos buracos dos elementos vazados e incide no piso no espaço interno. Forma-se então um desenho de uma renda espacializada de sombras e raios solares. O efeito se multiplica por todo o ambiente, fazendo da própria luz uma construção. Ao longo do dia, ao longo dos meses, os elementos vazados das paredes adquirem várias formas com a incidência do sol; à noite, o efeito muda de aspecto novamente; em um processo contínuo de metamorfose da forma a partir da luz.
A geometria volumétrica suave dos elementos vazados que formam as paredes é uma construção complexa, feita com linhas curvas infinitas. O elemento modular, uma obra de arte, foi desenhado pelo artista austro-americano Erwin Hauer que desde a década de 1950 faz esculturas concebidas para o espaço arquitetônico. Os seus elementos minimalistas dialogam com a arquitetura e recordam alguns traços da arquitetura moderna brasileira. As linhas curvas, desenhadas com perfeição remetem à arquitetura de Brasília de Niemeyer; além disso, os módulos em concreto têm como seus ancestrais os cobogós - que dão nome a casa - criados em Recife e difundidos por Lucio Costa em delicadas referências à arquitetura colonial.
A Casa Cobogó é uma casa moderna em que a obra de arte de Erwin Hauer pôde ser usada naturalmente, como parte de toda a arquitetura. No jogo de sobreposições de volumes puros, feitos de massa branca, concreto e madeira, repousa, junto do terraço jardim, o volume construído com os elementos vazados de Erwin Hauer. No interior desse espaço há uma sala de múltiplos usos e um pequeno spa.
No térreo a sala se conecta inteiramente com o jardim, que abriga um pequeno lago artificial. Peixes e plantas ajudam a manter o equilíbrio biológico da piscina sem a ajuda de produtos químicos que agridam o meio ambiente. Esse pensamento ambiental permeou todo o projeto que incorporou princípios de sustentabilidade estabelecidos por rígidos padrões, similares às certificações. Existe na casa uma grande preocupação em usar dispositivos de reaproveitamento e diminuição de consumo de água; racionalizar e organizar a construção para minimização de impactos; utilizar dispositivos de otimização de eficiência energética; instalar placas de aquecimento solar; além de usar apenas materiais certificados, reciclados ou ecologicamente corretos. O emprego desses conhecimentos aliada a uma arquitetura respeitosa com o clima local, resultou em uma casa com excelente conforto interno.
Tanto na sala dos fundos - que de um lado se abre para o grande jardim frontal e do outro para um pátio de árvores - quanto nos quartos, os ambientes internos são sombreados por um muxarabis de madeira que possibilita uma boa ventilação com sombreamento interno. Os painéis podem ser abertos inteiramente, assim como os caixilhos deslizantes de vidro, diluindo assim a transição entre o espaço interior e exterior.
No último piso, a obra de arte pensada como um espaço arquitetônico é o símbolo da casa que, assim como a enorme jabuticabeira do jardim, constrói um espaço único e uma atmosfera reflexiva que invoca um breve silêncio contemplativo.